Número de acidentes de trânsito no Piauí é maior entre motociclistas: 87%
As maiores lesões são provocadas devido a falta de uso do capaceteEntre julho e setembro deste ano foi registrada a entrada de 2.828 vítimas de acidentes de trânsito no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Dessas, 2448, que representam 87% das entradas, foram de pessoas que sofreram acidente de moto. Apenas 101 entradas (4%), foram de acidentes de carro, número menor que o de atropelamentos, que foi de 248. Os 31 acidentes restantes foram classificados como outro, representando uma taxa de 1%.

"A cada 100 acidentes que chegam no HUT, 84 são de motocicleta. Existe uma dificuldade no uso do capacete, existe um processo que vai muito na questão educacional que é o uso do capacete porque uma lesão cerebral, uma lesão neurológica, ela gera uma grande dificuldade de recuperação e muitas vezes não tem essa recuperação. Então a gente precisa compreender que essa violência no trânsito, ela se dá em virtude da falta de processo educacional", explicou o psicólogo e perito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Eduardo Moita.
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Segundo dados do HUT, mais de 70% das vítimas de acidente de trânsito são homens com idade entre 21 a 40 anos. Além disso, metade das vítimas desses acidentes necessitam de internação e, em mais de 80%, o tratamento requer cirurgias (ortopédicas, bucomaxilo facial ou neurológicas).
Jacó Rodrigues, vítima de acidente de moto, perdeu o movimento das pernas e teve que passar por cirurgia. "Da cintura pra baixo eu perdi os movimentos e também eu estava usando o capacete. Se eu não tivesse usando o capacete eu não taria aqui porque, pela gravidade, eu era pra ter morrido. Foi um momento novo porque, uma hora você tá andando e uma hora você perde o movimento das pernas", disse Jacó Rodrigues.
As lesões mais complexas são traumas cranianos, abdominais e torácicos. Já as lesões mais comuns são as ósseas ligadas às fraturas de membros (pernas, braços e quadril). Além disso, a taxa de amputações e/ou óbitos para acidentes de trânsito gira em torno de 2%.
“Em acidentes de moto as lesões mais frequentes ortopédicas são os traumas dos membros superiores e de membros inferiores. Dos membros superiores são os traumas da mão, punho e ombro. De membro inferior principalmente a nível da perna e tornozelo. Se o motociclista estiver usando o capacete ameniza um pouco o trauma crânio encefálico, que é o trauma craniano. Mas alguns, infelizmente, ainda insistem em andar sem capacete, podendo ter um trauma cranioencefálico grave", detalhou o doutor Marcelo Barbosa, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional Piauí.
Os mais frequentes resultados dos acidentes de trânsito são amputações de membros superiores e inferiores. Entre os que frequentam o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), o maior número de lesões é na parte inferior.
"São pacientes que tem graus variados de acometimento. São desde sequelas permanentes, sequelas físicas, também sequelas cognitivas, sequelas em que o paciente fica com distúrbios da fala, distúrbios de voz, distúrbio cognitivo e também algum distúrbio emocional", informou a fisioterapeuta do Ceir, Jéssica Teixeira.
Leonardo Furtado, que sofreu acidente de moto em 2021, faz fisioterapia no Ceir para poder voltar a andar. Ele teve que passar por uma cirurgia após fraturar duas vértebras da coluna.
"Eu levei muitos arranhões na cabeça, no rosto, por conta de que eu não estava com capacete. Se eu estivesse com capacete tinha evitado muita coisa. Aí eu fraturei duas vértebras da coluna, a T7 e a T6. Seis pinos em cada vértebra, no total, 12 pinos. E antes do acidente eu não estava embriagado, eu tinha tomado pouca bebida alcoólica”, relatou Leonardo.
De acordo com o gerente da Gerência de Análise Criminal e Estatística (GACE), delegado João Marcelo Brasileiro, 229 pessoas foram conduzidas por dirigir veículo automotor sob efeito de álcool ou drogas entre os meses de janeiro a julho de 2023, um aumento de 222,54% no número de condução em relação ao ano passado, quando 71 motoristas foram conduzidos pelo ato infracional.
