Organização acusa empresário de ameaças e aponta conflito de interesses no Piauí
Instituto Saúde e Cidadania denunciou ameaças, constrangimento e tráfico de influênciaO Instituto Saúde e Cidadania (ISAC) social denunciou à Polícia Civil do Piauí um empresário do setor de saúde por supostas ameaças, constrangimento e tráfico de influência, e afirmou que ele é irmão de um auditor federal que atuou em fiscalizações envolvendo a instituição no estado.
A notícia-crime foi apresentada pelo Instituto Saúde e Cidadania (ISAC), gestor do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, contra o empresário Luis Carvalho, dono da Medfarma. Segundo o documento, as pressões teriam começado após o ISAC renegociar e depois rescindir um contrato de locação de equipamentos hospitalares, que inicialmente custava R$ 507 mil por mês e foi reduzido para R$ 300 mil antes do rompimento por suposta entrega insatisfatória.
Na denúncia, o ISAC relata que representantes da organização teriam sido advertidos de possíveis prejuízos caso não seguissem orientações do empresário. Relatórios anexados indicam pagamentos de cerca de R$ 3,5 milhões à Medfarma entre outubro de 2024 e novembro de 2025.
O caso também levanta questionamentos sobre a atuação de Hamilton de Carvalho, auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) e irmão do empresário. O ISAC afirma que, em maio de 2025, apresentou representação à CGU alegando extrapolação de atribuições e falta de imparcialidade do auditor em fiscalizações. Quatro meses depois, a Polícia Federal deflagrou a Operação Omni, que teve o ISAC entre os principais alvos.
A organização sustenta que a operação teria sido seletiva, deixando de aprofundar a análise de contratos considerados mais relevantes financeiramente, enquanto outros fornecedores ligados ao instituto foram investigados. Entre os exemplos citados estão empresas que, segundo a denúncia, movimentaram valores milionários sem o mesmo nível de apuração.
O ISAC também relata que, ao assumir a gestão do hospital, encontrou problemas estruturais e contratos herdados não previstos no edital de seleção, o que teria exigido renegociações e mudanças administrativas. A entidade afirma que as medidas adotadas resultaram na certificação ONA do HEDA, mas também geraram resistência de antigos fornecedores.
Até o momento, a Polícia Civil informou apenas que a denúncia tramita sob sigilo. A CGU, a Polícia Federal e a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí ainda não se manifestaram publicamente sobre os pontos levantados.