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Tarifa zero pode transformar o trânsito e no Metrô de Teresina já é realidade

Enquanto grandes cidades debatem o tema, capital piauiense vive política inédita no país
Redação

O debate sobre tarifa zero no transporte público cresce em todas as regiões do país, mas no Piauí essa política já é realidade. Desde janeiro, Teresina tornou-se a capital brasileira a operar um metrô, o VLT, com tarifa totalmente gratuita para a população, decisão anunciada pelo governador Rafael Fonteles e que tem repercutido nacionalmente no setor de mobilidade urbana.

A discussão ganhou força após publicação do Portal do Trânsito, que trouxe a análise do especialista em mobilidade Celso Alves Mariano, diretor do Portal do Trânsito e da Tecnodata Educacional. Segundo ele, a tarifa zero representa “a realização de um sonho” do ponto de vista da eficiência urbana, ao reduzir congestionamentos, minimizar impactos ambientais e ampliar o uso racional do espaço público. Para Mariano, “o transporte coletivo é muito mais lógico, econômico, seguro e inteligente”, mas a gratuidade, isoladamente, não garante o sucesso da política. Ele destaca que planejamento, qualidade no serviço e mudança cultural entre os usuários são fatores essenciais para a adesão.

Enquanto grandes centros como São Paulo e Belo Horizonte ainda estudam modelos de financiamento, a capital piauiense já colhe resultados. Em vídeo divulgado recentemente, o governador Rafael Fonteles reforçou o pioneirismo do estado e os investimentos em curso para modernização do sistema. “Você sabia que o Piauí é o único estado do Brasil que tem na sua capital um metrô, um VLT, com tarifa zero para a sua população? Pois é, uma decisão do nosso governo desde janeiro deste ano e que tem repercutido muito bem aqui na nossa capital, Teresina”, afirmou.

O VLT atualmente conecta a zona Sudeste ao Centro da cidade, mas novos projetos estão em andamento para expandir o serviço às demais regiões. Fonteles informou que mais de R$ 600 milhões estão sendo aplicados em parceria com o governo federal para duplicação de linhas, construção de novas estações, modernização da via permanente e redução do tempo de espera e de deslocamento. Para ele, a medida gera impacto direto na economia local: “O dinheiro que era usado para pagar transporte vai para outros fins, como comércio, serviço e lazer. É muito importante que essa política pública seja cada vez mais prioritária no Brasil inteiro.”

A análise de Celso Mariano reforça essa perspectiva ao lembrar que o automóvel “é um devorador de espaço” e que a migração para o transporte coletivo melhora a fluidez das vias, diminui a emissão de poluentes e amplia a eficiência urbana. No entanto, ele ressalta que a confiança do usuário depende de horários regulares, veículos limpos e pontualidade. “Ser gratuito não basta. É preciso qualidade”, afirma o especialista, que compara o desafio da adesão à tarifa zero ao comportamento observado em campanhas de vacinação, onde mesmo com oferta gratuita muitas pessoas não aderem por falta de percepção do benefício.

Para o especialista, a tarifa zero deve ser tratada como política estruturante de mobilidade urbana, com planejamento, transparência e fontes de financiamento bem definidas. Ele alerta que projetos implantados sem critérios técnicos podem fracassar, mas ressalta que, quando bem executada, a iniciativa devolve às cidades “seu bem mais precioso: o espaço público e a mobilidade das pessoas”.

PIAUÍ DANDO EXEMPLO
Enquanto diferentes municípios estudam implantar ou ampliar a gratuidade, Teresina se torna vitrine nacional. O governo do Piauí vê no modelo um caminho para inspirar outras capitais, fortalecer a mobilidade sustentável e reduzir desigualdades no acesso ao transporte. “Piauí, mais uma vez, dando exemplo para o Brasil”, disse Rafael Fonteles.