Interpostos mira em emendas da Cultura e lavagem de dinheiro na gestão Dr. Pessoa
DECCOR apura esquema com laranjas e pede relatório completo de pagamentos entre 2020 e 2024As investigações da Operação Interpostos avançam e agora incluem a análise de emendas da Cultura na gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa. O Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR) requisitou um relatório detalhado de pagamentos: valores liberados, favorecidos, objeto das despesas e documentos de suporte. A linha de apuração aponta o uso indevido de recursos com “laranjas”, no período de 2020 a 2024. Entre os alvos ligados à área cultural estão dois ex-presidentes da Fundação Cultural Monsenhor Chaves (FMC): Neto do Angelim (nomeado em 15/05/2023) e Stanley Freire (nomeado em 19/03/2024).
Segundo a polícia, Interpostos é um desdobramento que corre em paralelo a outras ações deflagradas neste mês, com foco em organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico e associação para o tráfico. De acordo com reportagens do Conecta Piauí, as operações recentes envolvendo a antiga gestão municipal bloquearam e apreenderam bens e valores que somam mais de R$ 70 milhões, incluindo imóveis e veículos, e identificaram movimentações financeiras atípicas atribuídas a ex-agentes públicos e colaboradores do esquema. Em coletiva, delegados destacaram que transferências e depósitos em espécie e a utilização de interpostas pessoas são marcas recorrentes do modus operandi investigado.
Na frente específica da Cultura, os investigadores pretendem conferir a execução de emendas, patrocínios, cachês e contratações feitas via FMC, cruzando empenhos, liquidações, notas fiscais, contratos e comprovantes bancários. O objetivo é mapear o fluxo do dinheiro público até os destinatários finais e verificar vínculos com pessoas físicas e jurídicas já identificadas nas quebras de sigilo e relatórios financeiros. Em um dos pontos divulgados pela imprensa local, uma das frentes de Interpostos aponta que ex-parlamentares e gestores teriam concentrado decisões e intermediações financeiras, com valores milionários circulando em curto espaço de tempo.
O DECCOR também solicitou o histórico de nomeações, ordens de pagamento, contratos culturais e prestações de contas do período, além de arquivos digitais e e-mails institucionais que ajudem a reconstituir a cadeia de comando de cada despesa. A apuração segue com quebras de sigilo autorizadas, análise de relatórios financeiros e oitiva de gestores, servidores e contratados. Novas medidas judiciais não estão descartadas, a depender das conferências contábeis e dos rastreamentos bancários em curso.
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