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Em 2º dia de audiência, defesa de Tatiana Medeiros insiste em nulidade de provas

O namorado, Alandilson Passos, só deve comparecer presencialmente quando foi interrogado

A audiência de instrução e julgamento envolvendo a vereadora Tatiana Medeiros, o namorado Alandilson Passos e outros sete acusados entrou no segundo dia nesta terça-feira (25/11), no Fórum Eleitoral de Teresina. A etapa atual reúne as testemunhas de defesa, fase que antecede interrogatórios, diligências e alegações finais. Na véspera, 12 testemunhas de acusação foram ouvidas em uma sessão que consumiu quase todo o dia, encerrando por volta das 19h.

Tatiana Medeiros deixou o prédio novamente sem falar com a imprensa. Já a defesa de Alandilson informou que ele só pretende comparecer presencialmente quando chegar a hora de seu interrogatório, marcado para quinta (27) ou sexta-feira (28).

A condução dos trabalhos segue sob responsabilidade da juíza Júnia Maria Feitosa, que determinou que a imprensa não terá acesso à sala das oitivas. A magistrada alegou que sua decisão busca evitar tumultos e resguardar a imagem dos envolvidos. Ela também explicou que a audiência contará com apoio de um colegiado, formado quando há necessidade de reforço na condução dos atos processuais.

Com reforço policial e intensa movimentação no Fórum Eleitoral, a estimativa é de que cerca de 100 pessoas sejam ouvidas ao longo da instrução. Inicialmente, a audiência ocorreria em outubro, mas foi adiada após a identificação de vícios no Relatório de Inteligência Financeira (RIF), documento que teria sido obtido de forma inadequada.

Ministério Público mira o esclarecimento completo do caso

O Ministério Público reafirmou que acompanha a instrução com tranquilidade e sustentação jurídica. O promotor Plínio Fontes ressaltou que grande parte dos depoentes desta fase foi indicada pela defesa, passo que considera natural dentro do processo.

Como destacou o promotor, “são pessoas arroladas pela defesa, então são pessoas que a defesa quis, por mais variadas razões, pelas razões dela, trazer para também produzir prova perante o judiciário”. Ele explicou que o órgão já deixou clara sua posição e que há respaldo jurídico para o trabalho.

De acordo com Plínio, o MP está concentrado na busca pela verdade real, evitando disputas formais que possam distorcer a análise das provas. Ele reforçou esse ponto ao afirmar: “agora o que mais interessa ao Ministério Público é descobrir a verdade, sem ficar procurando palavras mágicas e apaga toda a verdade produzida [...] nosso interesse é trazer a verdade sem se prender a formalidades que não servem a ninguém”.

Defesa questiona origem das provas e nega vínculo com facção

Os advogados da vereadora deixaram claro que o segundo dia será dedicado quase integralmente à oitiva das testemunhas indicadas pela própria defesa. O advogado Samuel Castelo Branco lembrou que algumas já foram ouvidas no dia anterior e que a maior parte prestará depoimento nesta terça.

Ele explicou que “hoje a gente vai iniciar segundo dia já ouvindo as testemunhas de defesa [...] nós ouviremos hoje essas 23 testemunhas de defesa”, destacando o volume e a relevância dessa etapa.

A defesa voltou também a criticar o uso do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) e o conjunto de provas derivadas dele. Em sua avaliação, houve desdobramentos que comprometeriam a validade do material apresentado pela acusação. Parte dessa argumentação foi reforçada pelo próprio advogado, ao afirmar que “o RIF foi a medida inicial, dali vieram extrações de dados de telefone que foram utilizados como prova emprestada nesse processo”.

Samuel acrescentou que, apesar de o pedido de nulidade ter sido negado pela juíza, o tema será retomado na sentença. Ele lembrou que a tese é mantida pela defesa: “é uma tese que nós levantamos e que será apreciada no momento oportuno pela magistrada”.

Ele também reiterou que o caso não envolve facções criminosas. Segundo o advogado, a discussão sobre organizações criminosas não faz parte das acusações formalizadas e não se sustenta no processo. Isso ficou evidente quando reforçou: “não está em questão se facção A, B ou C teve envolvimento no processo eleitoral [...] não houve envolvimento de facção criminosa dentro do processo eleitoral”.

O advogado Francisco Medeiros comentou sobre o estado de saúde da vereadora e seu desejo de participar das sessões. Ele relatou que “está laudada, está medicada ainda, mas ela quis vir e participar”, pontuando que esta é a primeira oportunidade de Tatiana falar em juízo sobre os fatos. Ele também afirmou que a defesa buscará reabrir o Instituto mantido pela vereadora, que segue fechado por força das cautelares.

Defesa de Alandilson vê “narrativa” e diz que processo é longo

O advogado Wildes Próspero, representante de Alandilson Passos, declarou que encara o caso como um processo extenso, que exige preparo e paciência. Segundo ele, a defesa está estruturando a estratégia para o momento oportuno.

Em sua avaliação, a linha inicial da denúncia perdeu força após os primeiros depoimentos. Ele disse que “a denúncia inicial era de que a campanha da vereadora Tatiana teria sido financiada por uma organização criminosa denominada Bonde dos 40”, mas que tal hipótese não se confirmou nas oitivas. Segundo ele, até mesmo a Polícia Federal esclareceu que não investigou essa suposta ligação.

Wilder também afirmou que o cliente não possui histórico que o vincule a organizações criminosas. Ele rejeitou a narrativa que circulou no início do caso, dizendo: “criou-se uma narrativa [...] de que ele ser integrante dessa facção criminosa, mas o Alandilson não responde a nenhum processo [...] que aponte ele como integrante de facção”.