Áudios revelam detalhes da negociação no esquema de venda de CNHs ilegais no Piauí
Os candidatos pagantes eram identificados com marcas feitas nas mãos ou outros sinais
Áudios obtidos pelo Conecta Piauí expuseram novos detalhes sobre o esquema de venda ilegal de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Piauí , alvo de uma operação da Superintendência de Operações Integradas (SOI) realizada nesta quinta-feira (28/11). Em uma das gravações, um dos investigados negocia o serviço por R$ 3 mil, valor inferior ao cobrado por outros envolvidos no esquema.
“Bota R$ 3 mil, eu faço até R$ 3 mil pra ti, e tu bota R$ 3,5 mil para ela. Geralmente é R$ 4 mil que o cara cobra, mas dá para eu desenrolar nesse valor aí”, afirmou o suspeito, que ainda revelou possuir oito vagas disponíveis para interessados.
“Se tu souber de alguém que queira tirar e for de confiança, tiver com a bala na agulha – a bala na agulha é os documentos e a entrada – eu fecho as vagas. Estou com oito vagas para fechar, arrocha aí e vê o que tu consegue”, completou.
Ele orientava que apenas candidatos “de confiança” fossem indicados, exigindo documentos e o pagamento inicial para garantir a aprovação fraudulenta.
De acordo com o delegado Roni Silveira, coordenador da Força Estadual Integrada de Segurança Pública, os criminosos abordavam candidatos de várias formas , incluindo mensagens de texto, conversas no WhatsApp e encontros presenciais em locais estratégicos, como estabelecimentos próximos ao Detran. Centros de Formação de Condutores (CFCs) também eram usados como pontos de aliciamento.
Os preços variavam entre R$ 400 e mais de R$ 1.000, dependendo do tipo de exame prático e do histórico do candidato.
No dia do exame prático, candidatos pagantes eram identificados de forma específica: marcas feitas nas mãos ou outros sinais garantiam que erros durante o teste seriam ignorados pelos examinadores corruptos.
Um bar localizado na zona Sul de Teresina, próximo ao prédio do Detran, funcionava como ponto de encontro para negociações entre instrutores e servidores envolvidos no esquema. O proprietário do local, além de um casal próximo a ele, foi preso. O bar teve suas atividades suspensas.
A operação continua em andamento para identificar outros participantes e ampliar as denúncias contra os envolvidos no esquema de corrupção.