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Seminário aborda violência política e incentiva participação feminina em 2026

O encontro reuniu gestoras, lideranças femininas, pesquisadoras, parlamentares e representantes
Redação

Encerrando a programação da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a Secretaria das Mulheres do Piauí (Sempi) realizou, nesta quinta-feira (11), o II Seminário das Mulheres na Política.

O encontro, realizado no auditório da Defensoria Pública do Estado, em Teresina, reuniu gestoras, lideranças femininas, pesquisadoras, parlamentares e representantes da sociedade civil para discutir caminhos que fortaleçam o protagonismo das mulheres nos espaços de poder.

No local, as discussões giraram principalmente em torno de estratégias para ampliar a representatividade feminina nas eleições de 2026 e enfrentar a violência política de gênero, realidade que ainda afasta muitas mulheres da disputa eleitoral.

A secretária das Mulheres do Piauí, Zenaide Lustosa, destacou que, apesar dos avanços legais, a presença feminina na política ainda é limitada no estado e no país. Segundo ela, menos de 30% das candidaturas registradas no Piauí em 2022 eram de mulheres, e o reflexo disso aparece no resultado eleitoral: apenas quatro deputadas estaduais foram eleitas, o estado não possui nenhuma representante mulher no Congresso Nacional e, dos 224 municípios piauienses, apenas 29 são administrados por prefeitas.

Zenaide reforçou que o seminário busca tanto incentivar novas candidaturas quanto fortalecer o papel das mulheres dentro dos partidos.

“Participar da política não é só ser candidata. É ocupar espaços de decisão, nas direções partidárias, nas articulações e na construção das políticas públicas. Precisamos avançar para que as mulheres tenham condições reais de disputar e vencer. Sessenta por cento das prefeitas ou candidatas já sofreram algum tipo de violência política. Isso afasta, intimida e coloca em risco a própria democracia”, comentou.

A secretária lembrou que a Sempi atua com campanhas permanentes, canais de denúncia e acompanhamento de casos, além de incentivar o registro de violações em órgãos como o Ministério Público, Tribunal Regional Eleitoral e o canal nacional 180.
“A discussão sobre mulheres na política passa também por autonomia econômica, enfrentamento às violências e ocupação dos espaços de poder”, frisou.

A diretora-geral do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), Silvani Maia, destacou que, embora a legislação garanta cotas e financiamento, o principal desafio ainda é a falta de apoio real dentro dos partidos.

“Como realizar uma campanha sem recurso, orientação ou espaço de mídia? Sem isso, a mulher não se sente segura para disputar. É preciso que os partidos deixem de usar mulheres apenas para preencher requisitos legais e realmente as apoiem como candidatas viáveis”, afirmou.

Silvani também apresentou programas como o Parlamento do Futuro e ações de cidadania que buscam estimular novas gerações e ampliar o acesso das mulheres ao debate político desde cedo. “Hoje essa luta não pode ser individual. Deve ser institucional e coletiva.”

A vereadora Adriana de Castro, de São João do Piauí, reforçou que o protagonismo feminino é essencial para uma política mais humana e voltada às áreas sociais.

“Somos maioria da população, mas minoria nos espaços de destaque. Precisamos apoiar mulheres, denunciar a violência política e construir estratégias para garantir espaço a quem chega”, destacou.

Já a secretária da Agricultura Familiar, Rejane Tavares, chamou atenção para os desafios enfrentados por mulheres rurais que ocupam cargos de liderança. Segundo ela, preconceito, violência e a necessidade de provar “três vezes mais” sua capacidade ainda são realidade.

“Na zona rural, o preconceito é mais acentuado. Muitas mulheres lideram associações e cooperativas, mas enfrentam resistência e violência. Essa luta precisa ser reconhecida e apoiada”, afirmou.

O seminário também promoveu painéis sobre legislação eleitoral, calendário das próximas eleições e os mecanismos que incentivam a participação feminina nos partidos políticos, além de discutir prestação de contas, fundo eleitoral e estratégias de comunicação.