Entre as mil maiores empresas do Brasil, apenas uma é piauiense
Trata-se da Gees, empresa do setor do agronegócio instalada no sul do Estado
No vasto e complexo mapa corporativo brasileiro, onde gigantes da indústria, do varejo e da energia disputam espaço entre as maiores receitas do país, o Piauí marca presença com apenas uma representante. Mas a única empresa piauiense na lista das 1000 Maiores Empresas do Brasil, levantamento anual do Valor Econômico, não passa despercebida. Pelo contrário: cresce, sobe posições e demonstra que há um dinamismo econômico ainda pouco contado no interior do Nordeste.
Trata-se da Gees, empresa do setor do agronegócio instalada no sul do Estado. Em 2023, ano-base da pesquisa, ela movimentou mais de R$ 2,1 bilhões, garantindo presença na posição 483 do ranking. Um salto expressivo: 43 posições acima em relação ao resultado anterior. Esse avanço não é trivial. Em um ambiente de acirrada competitividade, subir no ranking significa ganhar eficiência, consolidar mercados e enfrentar desafios logísticos e climáticos que marcam a produção agrícola brasileira.
No caso do Piauí, soma-se ainda um histórico de menor presença de grandes corporações, resultado de décadas de desigualdades regionais que moldaram o perfil econômico do país. O Nordeste, como um todo, colocou mais de 100 empresas na lista deste ano. A liderança regional é baiana: a Braskem, gigante do setor químico e petroquímico, alcançou receita líquida de R$ 105,6 bilhões, uma cifra que ilustra a distância entre as diferentes escalas de operação das companhias que convivem na mesma região.
Mas a presença da Gees no ranking cumpre um papel simbólico e estratégico. Ela mostra que há, no Piauí, empresas capazes de competir em um cenário nacional exigente, beneficiando-se da expansão da fronteira agrícola, da modernização das operações no Cerrado piauiense e da capacidade de agregar valor à produção.
Em um estado historicamente fora dos grandes centros corporativos, cada avanço importa. A Gees, ao se firmar entre as maiores do país, acende um sinal de que o Piauí pode, e deve, ocupar mais espaço em futuros levantamentos. E, sobretudo, que há um potencial econômico pulsando no sul do estado, sustentado por produtividade, gestão e visão de longo prazo. A trajetória dessa empresa única na lista das mil maiores não resolve as disparidades regionais, mas ajuda a explicar como elas podem começar a mudar.