Piauí ultrapassa 10 mil queimadas e chegada das chuvas somente em dezembro
O cenário preocupa especialistas e autoridades ambientais.
O Piauí ultrapassou a marca de 10 mil focos de queimadas registrados em 2025, segundo dados atualizados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O número, que por si só já seria alarmante, representa um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado, e acende um sinal de alerta sobre a escalada da degradação ambiental no estado.
Em linguagem direta: o Piauí está queimando mais, por mais tempo e com maior intensidade. E, de acordo com a meteorologia, o período chuvoso, que tradicionalmente ajuda a conter o avanço do fogo e a recompor parte da umidade perdida, ainda deve demorar a chegar. Isso significa que o estado permanece em uma zona de altíssimo risco, com vegetação seca, ventos fortes e temperaturas elevadas: a combinação perfeita para que novos incêndios se iniciem e se alastrem rapidamente.
O cenário preocupa especialistas e autoridades ambientais. Os focos não apenas destroem áreas de vegetação nativa, mas colocam em risco comunidades rurais, unidades de conservação, propriedades privadas e até reservas legais ainda em recuperação. A fumaça, por sua vez, impacta diretamente a saúde da população, agrava problemas respiratórios e reduz a qualidade do ar em diversas regiões do Piauí.
Assim como em outras partes do país, os incêndios no estado têm múltiplas causas: expansão irregular de áreas agropecuárias, uso do fogo para limpeza de terreno, descuido humano e até ações criminosas. Mas a combinação com o clima mais quente e seco, intensificado pelas anomalias do aquecimento global, potencializa qualquer foco inicial.
A resposta ao problema exige coordenação e estratégia. Brigadistas estaduais e municipais seguem em campo, agentes ambientais reforçam operações de fiscalização e campanhas educativas alertam sobre os riscos do uso do fogo nesse período. Mesmo assim, o ritmo de propagação das queimadas mostra que as ações de combate, embora essenciais, não serão suficientes se não houver uma mudança estrutural no modo como o território vem sendo manejado.
O número de 10.484 focos tem peso simbólico e concreto. Ele expõe as fragilidades na prevenção, revela a força da seca prolongada e coloca o Piauí entre os estados que mais queimam no Nordeste neste ano. Enquanto a chuva não chega, o fogo avança. E o Piauí respira, cada dia com mais dificuldade, os efeitos de uma temporada que ainda não terminou.