Em Pauta

Produção extrativista do Piauí cai e reflexo está no controle ambiental

Embora o número seja expressivo, o valor representa uma queda em relação ao pico registrado em 2021

O extrativismo vegetal do Piauí movimentou, em 2024, um total de R$ 223,5 milhões. Embora o número seja expressivo, o valor representa uma queda em relação ao pico registrado em 2021, quando a produção chegou a R$ 253,4 milhões. A retração, apontam especialistas, está diretamente ligada ao avanço das políticas de controle ambiental e ao uso mais sustentável dos recursos naturais no estado.

Segundo dados da Pesquisa da Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS), 92,81% de toda a produção extrativista piauiense está concentrada em apenas três produtos: o pó de carnaúba, responsável por R$ 122,3 milhões (54,73% do total); o carvão vegetal, com R$ 48,9 milhões (21,88%); e a lenha, que movimentou R$ 36,2 milhões (16,2%). Os demais itens do extrativismo somaram apenas 7,2% da pauta estadual.

Queda acentuada em uma década

A análise da última década mostra um cenário de queda nos principais produtos. O pó de carnaúba, considerado o “ouro vegetal” do Piauí, teve redução de 35,3% no volume produzido entre 2015 e 2024. O recuo é ainda mais expressivo no carvão vegetal, cuja produção despencou 73,06% no mesmo período. Esses números ajudam a explicar a retração de 13,3% no valor total do extrativismo piauiense em comparação com 2021.

As reduções, no entanto, estão longe de significar perda de relevância. Pelo contrário, refletem um processo de adaptação: a atividade extrativista passa por transformações diante de um contexto em que o equilíbrio ambiental e o combate à exploração predatória são cada vez mais prioritários.

Foto: Reprodução
Produção extrativista do Piauí cai e reflexo está no controle ambiental

Lenha: destaque nacional

Mesmo com as quedas gerais, a lenha segue como produto estratégico na matriz extrativista do Piauí. Em 2024, o estado registrou a terceira maior produção do país, com 2,05 milhões de metros cúbicos — o equivalente a 10% do volume nacional. Ficou atrás apenas de Mato Grosso (3,6 milhões de m³) e Ceará (3,1 milhões de m³).

Em termos de valor, entretanto, o Piauí ocupou apenas a nona colocação entre os estados brasileiros, com R$ 36,2 milhões, distante dos líderes Mato Grosso (R$ 258,8 milhões), Ceará (R$ 90,8 milhões) e Pernambuco (R$ 71,6 milhões).

Dentro do estado, Cristino Castro se destacou como maior produtor de lenha, alcançando 80,6 mil metros cúbicos em 2024, seguido por Simplício Mendes (66,5 mil m³) e Uruçuí (60 mil m³). No cenário nacional, os três maiores produtores estão no Mato Grosso: Tabaporã (760 mil m³), Feliz Natal (369 mil m³) e Santa Carmem (357 mil m³).

Sustentabilidade no horizonte

Os dados revelam que o Piauí continua a ser um ator relevante no extrativismo brasileiro, mas também mostram um movimento de freio em atividades que historicamente pressionavam o meio ambiente. O recuo na produção de carvão vegetal e na exploração da carnaúba, associado à maior fiscalização, reforça a leitura de que a preservação ambiental começa a ditar o ritmo do setor.

Mais do que números, o quadro atual sugere uma mudança de paradigma: crescer menos, mas de forma mais equilibrada, garantindo que os recursos naturais do Piauí continuem a sustentar tanto a economia quanto a biodiversidade no futuro.

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