Piauí registra recorde de apreensões de armas em um único mês
Os números revelam o tamanho do desafio enfrentado pelas forças de segurançaEm setembro, o Piauí voltou a registrar um número que chama atenção e preocupa: 204 armas de fogo foram apreendidas pelas forças de segurança do estado — o maior número para um único mês nos últimos dez anos, igualando apenas o recorde de 2023.
O dado, divulgado pelo Ministério da Justiça, não é isolado. Ele reflete uma tendência de alta nas apreensões: em 2025, já são ao todo 1.578 armas retiradas de circulação, um crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. Em média, seis armas são apreendidas por dia no estado — uma a cada quatro horas.

Os números revelam o tamanho do desafio enfrentado pelas forças de segurança. Revolveres continuam sendo o tipo mais comum entre as apreensões, com 475 unidades recolhidas até agora. Logo depois aparecem as armas caseiras, muitas vezes fabricadas de forma rudimentar, com 437 unidades. Também foram apreendidas 240 pistolas e dois fuzis, sinal de que armamentos de maior poder de fogo continuam chegando às mãos erradas.
Nos últimos dez anos, o estado já apreendeu mais de 10 mil armas de fogo — um verdadeiro arsenal que, em outras circunstâncias, poderia estar alimentando o ciclo da violência urbana e rural.
Para o secretário de Segurança Pública, Chico Lucas, o aumento das apreensões é resultado direto da estratégia de integração entre as polícias e do fortalecimento das ações de inteligência.
“Estamos ampliando o uso de tecnologia, cruzamento de dados e operações conjuntas entre as polícias Civil, Militar e Federal. Cada arma apreendida significa um crime a menos, uma vida preservada. O objetivo é atacar a origem, os pontos de tráfico e a circulação ilegal, não apenas reagir aos efeitos”, afirma o secretário.
O mapa das apreensões mostra que o combate ao armamento ilegal avança em todo o território piauiense — das zonas urbanas de Teresina aos municípios do interior. Boa parte das apreensões ocorre em blitzes, operações de cumprimento de mandados e abordagens de rotina. Outras, a partir de denúncias e investigações de tráfico e homicídios.
Os dados, além de mostrarem eficiência operacional, também escancaram a realidade de um país em que a arma de fogo ainda é instrumento de poder e tragédia. No Piauí, o desafio é duplo: tirar o arsenal das ruas e evitar que novas armas ocupem o lugar das que foram apreendidas.
Com números recordes e políticas mais integradas, o estado tenta se firmar como exemplo de resposta à escalada armamentista que atinge o Brasil — mas o caminho, como reconhecem os próprios agentes, ainda é longo e perigoso.