Chico Lucas é contra projeto que iguala organizações criminosas ao terrorismo
Secretário explica que há diferença jurídica que determina características dos dois setores do crimeO Secretário de Segurança do Piauí, Chico Lucas, afirmou, durante entrevista na manhã desta sexta-feira (14/11), que é contra o Projeto de Lei que enquadra organizações criminosas como grupos terroristas (PL 3.830/2024). O projeto tramita no Senado Federal e foi encaminhado para a Comissão de Defesa da Democracia.
Na prática, o PL cria o Cadastro Brasileiro de Organizações Terroristas (CadTerror) para registrar entidades nacionais e internacionais suspeitas de terrorismo, além de estabelecer responsabilidade civil objetiva para pessoas jurídicas (empresas) que financiam terrorismo. O projeto também amplia o papel da inteligência (como o COAF) para incluir a prevenção e o combate ao financiamento do terrorismo. Ainda na proposta, as empresas enquadradas seriam punidas direta ou indiretamente, financiarem grupos terroristas.
"É uma questão jurídica, o terrorismo exige violência política baseada em preconceito de raça, cor ou religião. A organização criminosa tem o objetivo do lucro, então a gente não pode misturar as coisas, e há um contrassenso por parte da extrema-direita e principalmente dos governadores de direita, porque, ao mesmo tempo que eles recusaram a PEC porque retirava autonomia dos estados, eles defendem a lei do terrorismo que traz a Polícia Federal com uma centralidade", explica.
Chico Lucas reconhece a importância da PF, mas ressalta que não é saudável concentrar toda a investigação de crime organizado em um único órgão federal.
"Então, a Polícia Federal tem que investigar todos os casos, e a gente sabe da importância da Polícia Federal, mas também não podemos concentrar em uma única polícia uma investigação tão importante como a do crime organizado. Então eles têm que resolver essa esquizofrenia legislativa, se querem ou não querem a maior, ou menor autonomia dos estados", conclue.