Chico Lucas diz que investigados fugiram e que há possibilidade de prisão
Operação Carbono Oculto revelou rede que adulterava combustíveis e lavava dinheiroA Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Civil do Piauí em parceria com o Ministério Público e o GAECO de São Paulo, desvendou um complexo esquema de lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O secretário estadual de Segurança Pública, Chico Lucas, detalhou a atuação da organização criminosa e defendeu maior união entre as instituições no combate ao crime organizado. Segundo ele, envolvidos estão foragidos e que a prisão deles deve ser solicitadas.
"O Ministério Púbico vai recorrer, pedindo a prosão deles, justamente por não terem contribuido com as investigações", afirmou o secretário. Segundo ele, a investigação mostrou que uma rede de postos no Piauí foi comprada por um fundo de investimento chamado AutoInvest, ligado à empresa Carbono Acuto, de São Paulo, e associado ao PCC. “Esse fundo movimentava mais de R$ 2,6 bilhões em ativos. Eles compraram os postos e usavam uma fintech chamada BK, identificada pelo MP de São Paulo como a fintech do PCC. Essa fintech era usada para trazer recursos ilícitos e financiar a operação criminosa”, revelou Chico Lucas.
PREJUÍZO AOS CONSUMIDORES
Ele destacou que o esquema causava prejuízo direto aos consumidores piauienses. “Você que abasteceu e às vezes percebia que o combustível ia mais rápido, é porque tinha bomba baixa. Muitas vezes era mais álcool do que gasolina. Além disso, havia concorrência desleal, o que desestimulava empresários honestos e ainda gerava perda de receita para o Estado”, explicou.
FRAUDES
De acordo com o secretário, as fintechs têm se tornado instrumentos de fraudes e precisam ser regulamentadas com urgência. “Toda vez que você tem uma desregulamentação, se não tem controle, você vai ter o crime. Os bancos têm regras, mas muitas fintechs não tinham. Golpes e fraudes são cometidos quase que diariamente por meio delas. O Ministério da Fazenda está vigilante, e é preciso que quem abre uma conta comprove titularidade. No caso da BK, várias transações ilícitas não passaram pelos órgãos financeiros, e a quebra de sigilo mostrou a transferência de recursos do PCC para o Piauí”.
ADULTERAÇÃO
Chico Lucas lembrou que em 2023 a Polícia Civil já havia apreendido oito caminhões-tanque em Lagoa do Piauí com solventes e nafta, usados para adulterar combustíveis. O grupo estava montando um centro de distribuição entre Teresina e Altos. “Eles compraram um terreno e estavam montando uma central onde fariam as misturas, mais álcool, mais solvente, e dali distribuíam para 49 postos no Piauí, Maranhão e Tocantins. Esse centro seria o coração da operação do PCC no Nordeste”, relatou.
CONFUSÃO PATRIMONIAL
O secretário apontou ainda a confusão patrimonial das empresas envolvidas. “Os empresários venderam os postos, mas continuavam se apresentando como donos. Colocaram as empresas em nome de laranjas e funcionários. Em alguns locais, havia até três CNPJs no mesmo endereço, tudo para fraudar o fisco e mascarar a adulteração. Esses empresários levavam vida de luxo, com aviões, casas e relógios milionários, às custas do consumidor que abastecia com R$ 20 e saía no prejuízo”.
INVESTIGADOS FORAGIDOS
Sobre a investigação, Chico Lucas confirmou que alguns alvos estão foragidos. “Eles não têm mandado de prisão, mas não colaboram. Quando chegamos às casas, já haviam viajado para São Paulo. Encontramos caixas de relógios que somam milhões de reais, mas os principais itens de valor foram levados. Informamos ao Judiciário que eles estão se evadindo”, declarou.
VICTOR LINHARES
Questionado sobre o ex-vereador Victor Linhares, o secretário confirmou indícios de movimentações financeiras suspeitas. “Ele recebeu recursos por meio da fintech BK, transferiu para outra conta de sua titularidade e nunca mais movimentou. É uma movimentação atípica que precisa ser esclarecida”, concluiu.
Para Chico Lucas, o Piauí foi escolhido como base logística pela localização estratégica de Teresina, mas a atuação conjunta das instituições evitou o avanço da facção. “As instituições precisam sair das suas caixinhas, deixar a vaidade e atuar unidas. Aqui, MP, GAECO e polícia mostraram que o Piauí está vigilante e não vai permitir que o crime organizado se instale no nosso estado”.
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