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Teresina sem números: um em cada quatro endereços não tem numeração

Mais de 24,3 milhões de endereços no país não tem numeração, dificultando assim sua localização
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O uso do campo “ponto de referência” no preenchimento de questionários de entrega de encomendas, por parte de empresas comerciais e pelos Correios, nunca foi tão necessário. Mais de 24,3 milhões de endereços no país não tem numeração, dificultando assim sua localização. O dado é do Censo de 2022 divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (14/06). 

Ao todo, o Brasil tem 111 milhões de endereços oficiais no Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), ou seja, quase 22% estão nessa condição. Em Teresina, a situação é um pouco pior. Na capital piauiense, um em cada quatro endereços não tem a numeração. São exatos 101.625 domicílios, de um total de 400 mil existentes. 

Com esse resultado, Teresina aparece como a 11ª cidade no país com mais endereços sem identificação e a sétima entre as capitais. Brasília aparece com a maior quantidade absoluta (1,2 milhão), mas porque o Distrito Federal possui um padrão de endereçamento específico, que geralmente não utiliza o campo número. Na sequência estão Goiânia (526 mil) e Rio de Janeiro (280 mil). 

Foto: IBGEEndereços sem número
Endereços sem número

No Nordeste, somente Salvador (173,4 mil) e São Luís (114,9 mil) estão à frente da capital piauiense. Só que ao fazer a proporcionalidade, Teresina aparece em primeiro, com 25,4% do total. As capitais da Bahia e do Maranhão registraram 12,5% e 24,7%, respectivamente. Em geral, o Piauí tem 710.603 casas sem numeração, o 13º maior do país e quinto na região nordestina. 

Para Gustavo Cayres, analista do CNEFE, a pessoa que mora em uma via sem nome ou numeração enfrenta uma série de dificuldades, que não se resume apenas na entrega de encomendas, por exemplo. "Estamos falando de uma provável informalidade. A pessoa chamar o SAMU para o lugar onde mora se torna mais difícil. Isso sem falar em uma entrevista de emprego", exemplifica.

Ainda, de acordo o levantamento, existem, também, mais de 2,7 milhões de ruas, estradas, travessas e rodovias sem nome em todo o país. Entre os que têm denominação, o termo mais comum encontrado é "Principal", com 226.289 repetições pelo país; "Santo Antônio" em segundo, com 219.377; e "São José", com 219.139. 

Organizado pelo IBGE desde 2005, o CNEFE é o principal acervo de endereços do país com abrangência nacional e acesso público. Ele é atualizado periodicamente, sendo totalmente revisado durante os censos demográficos.

O trabalho do Censo 2022, por exemplo, teve início com uma lista prévia de 89.327.652 endereços. Destes, 81,5% foram confirmados e 18,5% foram excluídos durante a coleta, que ainda acrescentou 33.992.241 novos endereços ao CNEFE. 

“A contribuição dos 120 mil recenseadores foi fundamental. Foram os trajetos por eles percorridos e o seu trabalho de cobertura que nos permitiram ter o produto que estamos entregando hoje para a sociedade”, observa Eduardo Baptista, gerente do CNEFE.

O CNEFE é fundamental não apenas para orientar os recenseadores durante a operação censitária, mas também para estruturar as amostras das pesquisas domiciliares do IBGE. “A PNAD Contínua, por exemplo, já está utilizando os dados do CNEFE atualizados”, observa Eduardo.

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